Essas foram algumas histórias que nós ouvíamos de meu avô Ibrahim, pai de minha mãe e as quais meu irmão reproduziu.

Na verdade, não sabemos até hoje se os causos eram mesmo do Tião ou uma forma de o Vovô contar as mentiras sem que fosse o responsável por elas.
Segue algumas estórias ocorridas com o citado:
Tião deixou sua fazenda, foi até a cidade resolver alguns problemas e fazer compras de mantimentos, que porventura, não eram produzidos em sua fazenda.
Após retornar com estes mantimentos colocados em um “picuá”, na garupa de seu cavalo, foi conferir as mercadorias ao chegar em casa e deu pela falta de um pão. Pensou até em voltar para recuperá-lo, porém como estava começando a chover, desistiu da empreitada.
No dia seguinte ao levantar para tirar o leite, caminhando até ao seu curral, que ficava ao lado da estrada, encontrou com vários vizinhos que iriam à cidade, retornando para casa. Ao questioná-los porque não seguiram viagem, os mesmos informaram que tinha caído uma enorme árvore na estrada, interditando-a.
Tião, após terminar de tirar o leite, selou seu cavalo e foi até o local informado do ocorrido, e lá chegando, percebeu:
A estrada estava interditada, não por uma enorme árvore, como tinha sido informado, mas pelo pão que havia caído do seu “picuá” e com a chuva que durou toda a noite, inchou, impossibilitando a passagem.
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Tião G. precisava fazer uma viagem para adquirir algumas cabeças de gado, então tomou a decisão de que sairia no dia seguinte bem cedo, antes de o dia raiar.
No dia seguinte acordou cedo, tomou café, pegou sue melhor arreio, para impressionar os outros fazendeiros, colocou seu canivete na cinta e foi até o pasto para encilhar a sua melhor mula e partir.
Após feito como planejado, pegou estrada, porém notou que a mula insistia em entrar pela mata que margeava a estrada. Tião aguentou o máximo que pôde controlando a mula na estrada, então soltou a rédea e deixo que fosse para onde bem entendesse.
Como a mula entrou pela mata Tião pegou seu canivete, que deveria ter uns 15 cm de comprimento de lâmina e começou cortar as árvores para que as mesmas não o ferissem, árvores estas de até uns trinta cm de diâmetro.
Quando o dia clareou, Tião percebeu que ao arriar sua mula tinha se enganado, havia arriado uma anta, então usando o seu bom canivete, cortou a barrigueira e saltou, levando consigo o arreio e voltou a pé para casa.
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Tião G. precisou ir até a cidade comprar remédio para sua esposa, arriou seu melhor cavalo, pois precisava fazer a viagem o mais rápido possível e partiu a galope.
Chegando a cidade, conversou rapidamente com o farmacêutico, explicando o que a esposa sentia, pegou o remédio e tomou o caminho de volta para casa sempre à galope.
Quando faltavam uns 5 km para chegar à sua fazenda, Tião percebeu que seu cavalo falseou, neste momento ele apertou a pressão da espora e prosseguiu, ao chegar no quintal de sua casa, parou a montaria e apeou. Neste momento o cavalo caiu e Tião percebeu que estava morto.
Vangloriando-se do falecido companheiro, contava a todos que o cavalo havia morrido a 5 km da sua casa, mas como estava muito embalado, só foi cair quando chegou.
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Tião G. saiu cedo de casa para caçar um gambá para o almoço de sábado, era um de seus pratos favoritos, um guisado de gambá, e sábado, porque domingo como sempre, tinha frango ensopado com batata.
Adentrou à matinha que tinha perto de seu sítio em companhia do Seu Nome, seu cão de caça, vira lata, mas muito bom, que logo começou a farejar o bicho.
Uma meia hora depois, o gambá foi descoberto, e após uma rápida perseguição, subiu em uma árvore e lá ficou longe do alcance do cachorro do Tião.
Tião, chegando ao local, viu o gambá, preparou sua espingarda, mirou e atirou. Daquela distância, ele não errava nunca.
Esperou baixar a fumaça e aguardou a queda do pobre animal, mas nada aconteceu. Estumou o cachorro para saber para onde o bicho tinha fugido, porém este, mesmo sendo bom farejador, não achou nenhum rastro.
Tião, desiludido, voltou para casa e lá chegando, deu a má noticia para Dona Maria, sua esposa e sugeriu que naquele sábado ela tirasse o lombo de porco que estava na gordura para o almoço e foi guardar sua velha espingarda na despensa, onde ele a pendurava em um prego fixado na parede.
Quando pendurou a espingarda, como sempre com a boca do cano para baixo, percebeu que algo caiu no chão, então descobriu que era o gambá. Ele não tinha errado o tiro, o gambá que atingido caiu da árvore sem que ele percebesse por causa da fumaça e entrou direto pelo cano da velha arma.
Estava garantido o almoço o lombo ficou para outra ocasião e Tião continuou com a fama de bom atirador.
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Na propriedade do Seu Lulu C. ¹ havia um pedaço de terra que era muito pantanoso, porém bom para o plantio de arroz.
Seu Lulu, para semear as sementes, tinha que arar a terra e como não tinha o recurso de um trator, utilizava nesta tarefa três boas juntas de bois que possuía.
Perguntado pelos vizinhos se era muito “dificultoso” arar aquele trecho, respondia:
- É difícil sim, só um camarada forte que nem eu consegue, pois toco os bois para o atoleiro, seguro firme no cabo do arado. Tem certos trechos que só fica aparecendo os chifres dos bois, mas eu não largo o cabo do arado.
(1) Seu Lulu tinha uma propriedade vizinha à do nosso Pai, que contava essa passagem