quarta-feira, 18 de julho de 2012

ERA UMA VEZ ...



Era um vez um ônibus. Uns homens armados e uma pessoa altamente protegida...
                                                                                                                                   
O ônibus era o Cidade do Aço  Rio X Volta Redonda, os homens eram cinco assaltantes armados e a pessoa era eu mesma! Inacreditável o que aconteceu aquela noite!

                                              colt-45-1.gif (84375 bytes) 

Quando morava em Petrópolis, ia muito a na casa do meu irmão que reside em Volta Redonda. Como trabalhava o dia todo, para aproveitar o fim de semana , pegava o ônibus à noite para o Rio de janeiro e de lá o que ia para Volta Redonda. Isso era recorrente. E especialmente  naquele fim de semana, mês de Julho, eu estava indo para o aniversário do meu irmão.
Porém numa noite dessas o ônibus foi assaltado por 5 homens armados e aí começou uma aventura difícil de acreditar.
Os assaltantes entraram no ônibus na rodoviária como passageiros e em algum lugar na Avenida Brasil efetuaram o assalto. Vou tentar relatar, mas não sei se conseguirei  ser fiel aos fatos.
Eu estava sentada na poltrona 4(na frente, do lado da porta, no corredor) e havia um rapaz do meu lado, na poltrona 3(janela). Um dos assaltantes rendeu o motorista com uma arma, e os outros 4 também armados foram pegando tudo de todos. Na limpa foram pegando dinheiro, relógios, casacos, etc... . O que rendeu o motorista mandou que o rapaz que estava do meu lado saísse e fosse lá para traz, e com o revolver na altura da minha barriga mandou que eu chegasse para o canto e não olhasse para o seu rosto. Assim fiz ou tentei fazer, pois não consegui não olhar para a pessoa que estava na minha frente.  Olhar para onde ? Para cima? Para o lado? Mas as cortinas, por ordem deles, estavam fechadas. Só me restava olhar para frente e na frente estava aquela arma. Não sei porque, mas não tive medo e nem fiquei nervosa.
O homem então mandou que eu lhe entregasse meu dinheiro. Empurrei algumas notas maiores para o fundo da carteira e lhe dei o restante. Ele olhou aquela quantia e disse:
-Hum! Está pior do que eu!!
Guardou o dinheiro e o assalto continuou com os assaltantes “barbarizando” os passageiros. Não sei por que razão  pensaram que o rapaz que estava do meu lado era policial (o que não era correto), o colocaram deitado no corredor do ônibus e a impressão que tínhamos era que em qualquer momento eles atirariam no rapaz.
Bem, assalto realizado, eles decidiram descer em um local em Nova Iguaçu onde havia um carro esperando. Aí é que começou a acontecer  uma coisa “sui genere”.
O assaltante da frente me perguntou;
-Tem para o ônibus?
Eu disse:
_ Não. Dei todo o dinheiro!
Ele então tirou quase todo o dinheiro que eu tinha dado e me deu de volta.
-Toma aqui!
O outro assaltante veio de traz querendo puxar minha bolsa e eu a segurei  e disse que já tinha dado o dinheiro.
E o assaltante da frente;
-Vamos! Ela já me deu o dinheiro!
Tentaram puxar minha bagagem que estava no bagageiro, mas como tinha um pezinho na minha bolsa ela agarrou e não a levaram. Tentaram puxar a bolsa do rapaz que estava do meu lado, mas a alça agarrou no meu pé, então na pressa largaram-na para traz.
Enfim, não me levaram nada. Nem joias, já que eu estava com cordão e pulseira de ouro, relógio, casaco e principalmente o presente de aniversário do meu irmão.
Depois que desceram, o rapaz que estava do meu lado veio desesperado a procura da sua bagagem e eu calmamente falei que eles não tinham levado pois havia agarrado no meu pé.
Ele disse então que eu tinha salvado o dia dele, pois ali dentro estava o seu salário e o presente de 15 anos da sua filha . Perguntou então se estava tudo bem e se eles tinham feito alguma coisa e eu respondi que estava tudo bem e que  o assaltante tinha me devolvido a maior parte do dinheiro.
Fui alertada então,  que eu tinha corrido um grande risco, pois se eles tivessem que ter levado algum refém eu seria a pessoa, porque estava na frente. Aí sim, percebi o risco que eu tinha corrido. Mas ainda assim não fiquei nervosa, apenas um pouco assustada e tremendamente surpresa com que tinha acontecido. Todas as pessoas ficaram sem o seus pertences, inclusive casacos e eu com tudo.
Mas o assalto serviu pelo menos para uma coisa! Toda vez que eu chegava a Volta Redonda, telefonava para o meu irmão ir me pegar na rodoviária e ficava lá esperando, mas desta vez quando telefonei e falei que tinha sido assaltada, a ligação caiu e nunca ele chegou tão rápido para me pegar!


Não sei bem porque fui poupada deste jeito, mas acredito que talvez eu estivesse  muito mais protegida do que todas aquelas pessoas, ou então somente o assaltante foi com a minha cara não é????

                                              

PULE UMA CASA (E CONTINUE A JOGAR...)




PULE UMA CASA (E CONTINUE A JOGAR...)

A vida da gente em alguns momentos assemelha-se a um jogo de tabuleiro, onde tem que se pensar em pular uma casa e continuar a jogar. O peão tem que avançar casa a casa porque ao final do tabuleiro espera-se um vencedor. Com o decorrer dos anos, passa a ser assim no trabalho, nas convivências, nos relacionamentos formais e informais. “Pule uma casa e continue a jogar, está na sua vez...”. E na casa que foi pulada o que ficou afinal? Ressentimentos, mágoas, momentos alegres ou simplesmente fatos que são pulados e esquecidos? Não sei a resposta, mas sei que pautam o resto do jogo, são os determinantes que vão fazer com que se ande mais rápido ou mais devagar, ou que farão com que se pulem mais casas ou não. Um passo a mais ou a menos em um tabuleiro de jogo faz toda a diferença e determinará com que peão será dividida a mesma casa do jogo, qual apenas passará por você e qual trará influência na jogada.
    Pulei muitas casas na minha vida. Nelas ficaram fatos que não foram esquecidos, mas que fizeram a diferença para a próxima jogada. Ficaram palavras que se fossem ditas no jogo teriam uma penalidade e perderia a jogada, ficaram atitudes que tiveram que ser mudadas, pensamentos que não deveriam ser expostos, sentimentos que deveriam ser camuflados, relacionamentos que cresceram e outros que se perderam. Pulei casas na minha família, no meu trabalho, nas minhas amizades. Foi necessário para continuar o jogo e tentar vencer a partida ou pelo menos chegar ao final dela.
    Fazemos isso durante toda a trajetória de nossas vidas: “pule uma casa e continue a jogar” e quem não segue as regras do jogo, quem não pula a casa ou quem não continua a jogar está fora da partida, perde a vez ou volta para a primeira casa começando novamente. Mas não dá para começar novamente como se casas não tivessem sido andadas porque a cada minuto somos pessoas diferentes, hoje sou diferente do que eu era há 24 horas e serei diferente amanhã. Há quem desista do jogo (não quer começar outra vez), há os que começam novamente com muita má vontade, há os que recomeçam como se fosse a primeira vez esquecendo-se que estão na situação de recomeço porque não seguiram as regras e assim vamos seguindo: pulando casas e continuando a jogar..., pulando casas e continuando a jogar..., pulando casas e continuando a jogar...




segunda-feira, 9 de julho de 2012

HISTÓRIAS DE FAMÍLIA





 SOVACO FROUXO
  Meu avô morava na roça e tinha ainda os filhos novos. Minha mãe e sua irmã Therezinha resolveram fazer um bolo. Mas a pessoa que sabia onde estavam os ingredientes não estava em casa. Naquela época, na roça não se usava fermento para o bolo crescer e sim bicarbonato. Encontraram um vidro com um pó branco e colocaram no bolo. Depois de pronto não tiveram coragem de comê-lo porque ficaram em dúvida que pó branco era aquele. E se fosse veneno? Apareceu então a vítima. Uma mulher cujo apelido era Sovaco Frouxo, porque a tudo se referia assim ( “Dancei até ficar de sovaco frouxo”... etc) . Perguntaram-na se queria um pedaço de bolo e ela aceitou imediatamente. Deram o pedaço e ficaram vigiando se a criatura ia cair e se ia cair antes ou depois da porteira. Bem, a mulher não caiu e foi embora feliz com o pedaço de bolo. Quando Maria José chegou perguntaram o que havia naquele vidro e ela respondeu que era sal de glauber. Ficaram aliviadas porque a única coisa que Sovaco Frouxo poderia ter tido foi uma bela diarréia. 


                                                Minha mãe (Edna)

                                             Minha mãe e a irmã Therezinha



                                                       Didinha (Maria José)


Tia Therezinha


BICHO  CH...
   Minha bisavó materna, vovó Sinhá, contava uma história de arrepiar e jurava que era verdade e que o fato aconteceu em sua presença. Estudava ela na cidade de Santa Maria Madalena e volta e meia um bicho invisível piava na casa da professora com a qual tinha aula. Um dia, o tal bicho foi piar na casa de uma mulher cuja filha estava muito doente. A mulher desesperada perguntou quem era, se era uma alma penada e porque piava tanto. Então a coisa que piava contou que ele tinha difamado a filha de um homem chamado Pedro Ch... e que este o tinha amaldiçoado e só poderia parar de piar quando fosse perdoado. A mulher foi procurar o tal fazendeiro, que por sinal era padrinho de uma tia avó. Andou muito à procura do Pedro Ch... e quando o encontrou, pediu que ele perdoasse à tal pessoa que estava piando na sua casa e que estava prejudicando sua filha doente. Depois de muito relutar, o fazendeiro concordou e falou que ele fosse piar então nas profundezas do inferno. Contam que o bicho deu um piado altíssimo e muito agudo e nunca mais piou em lugar nenhum.



                                                     
                                          VOVÓ SINHÁ (minha bisavó materna)