A Bacia de lavar arroz
Na
minha casa os objetos (e pessoas também), têm a tradição de serem longevos. Assim são os móveis, louças, roupas
e tudo o mais. Temos especialmente uma bacia de alumínio que está um tanto
quanto avariada, mas é a bacia que usamos para lavar o arroz antes de
cozinhá-lo. Como tudo lá em casa,
ela tem também uma história. Essa pequena bacia deve ter perto de talvez uns 60
anos. Pertenceu a minha tia Assma, irmã de meu pai e de lá chegou às mãos de
minha mãe. Foi para o nosso sítio, onde
começou o seu ofício de ser usada para lavar o arroz. Já está
quebrando o alumínio das beiradas, mas ninguém pensa em trocá-la. Para
minha tia servia para colocar legumes,
frutas e outros alimentos. Acho que funcionava meio como uma fruteira. Não sei
por que a bacia foi de "herança" para nós. Bem, na verdade para a
minha mãe, já que eu nem pensava em nascer. Assim foi nos servindo durante todo
esse tempo. Não passa pela minha cabeça
trocá-la por outra vasilha, apesar de já estar quase machucando nossas mãos ao
manuseá-la.
Como tudo na nossa família ela também tem
um componente afetivo. Não sei bem se é a tradição que ficou no nosso
inconsciente pregresso, quando o oriental dizia que a alma de um antepassado podia estar em um objeto na
casa. Podia ser numa cadeira ou qualquer outro objeto. O fato é que lá está a bacia, começando
a estragar, começando a quebrar, servindo sempre aos seus
propósitos. O propósito de lavar o arroz para nosso almoço e sempre será um
canal de lembranças familiares, passando pelas nossas mentes figuras e fatos
acontecidos nas nossas vidas. Uma simples bacia, velha, avariada, mas que traz
tantas histórias, tantas vidas envolvidas que se torna algo precioso a ponto de
não ser substituída. E lá está a mesma bacia de mais de 50 anos atrás nos
servindo !
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