domingo, 3 de agosto de 2014

A BACIA DE LAVAR ARROZ

                                                    A Bacia de lavar arroz
  

       Na minha casa os objetos (e pessoas também), têm a tradição de serem  longevos. Assim são os móveis, louças, roupas e tudo o mais. Temos especialmente uma bacia de alumínio que está um tanto quanto avariada, mas é a bacia que usamos para lavar o arroz antes de cozinhá-lo. Como tudo lá em casa, ela tem também uma história. Essa pequena bacia deve ter perto de talvez uns 60 anos. Pertenceu a minha tia Assma, irmã de meu pai e de lá chegou às mãos de minha   mãe. Foi para o nosso sítio, onde começou o seu ofício de ser usada para lavar o arroz.  Já está   quebrando o alumínio das beiradas, mas ninguém pensa em trocá-la. Para minha tia servia para   colocar legumes, frutas e outros alimentos. Acho que funcionava meio como uma fruteira. Não sei por que a bacia foi de "herança" para nós. Bem, na verdade para a minha mãe, já que eu nem pensava em nascer. Assim foi nos servindo durante todo esse tempo.  Não passa pela minha cabeça trocá-la por outra vasilha, apesar de já estar quase machucando nossas mãos ao manuseá-la.

    Como tudo na nossa família ela também tem um componente afetivo. Não sei bem se é a tradição que ficou no nosso inconsciente pregresso, quando o oriental dizia que a alma de um    antepassado podia estar em um objeto na casa. Podia ser numa cadeira ou qualquer outro     objeto. O fato é que lá está a bacia, começando a  estragar,  começando a quebrar, servindo sempre aos seus propósitos. O propósito de lavar o arroz para nosso almoço e sempre será um canal de lembranças familiares, passando pelas nossas mentes figuras e fatos acontecidos nas nossas vidas. Uma simples bacia, velha, avariada, mas que traz tantas histórias, tantas vidas envolvidas que se torna algo precioso a ponto de não ser substituída. E lá está a mesma bacia de mais de 50 anos atrás nos servindo !




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