CONFISSÕES DE TUAN
Sou natural de Itaperuna e me chamavam pelo
nome de Tuan. Fui o primeiro Ramster de minha dona Liz. Depois de me adquirir,
ela me deu mais três irmãos: Ozzy e Eddie, que chegaram juntos, eram muito
levados, impossíveis mesmo, sendo que Eddie era bem bravo e não deixava ninguém pegá-lo.
Minha dona o escolheu porque quando ela estava na loja ele arrumou uma confusão
danada quando foram pegar o balde de ração. Fugiu correu por cima dos
computadores e foi difícil capturá-lo e o Ozzy era muito gordo e não gostava de
se exercitar na rodinha. Mais tarde a Mini, cuja raça era originária da Síria e
era um doce de bichinho, muito carinhosa mesmo! Mas não os conheci.
Eu tive a minha gaiola, com brinquedos e
outras regalias, mas não ligava muito para andar naquela rodinha na qual
deveria correr, correr e não chegar a lugar nenhum, além disso eu já estava
cansado, meio idoso e não tinha lá muita disposição para isso! Gostava mais de
ficar no meu canto sem muitos movimentos. Fiquei um pouco doente certa vez, com
um tumor na boca, então a Liz me levou, mesmo sendo proibido, na veterinária do
Zoológico e ela falou que eu era muito barato e que não valia a pena me tratar.
Minha dona ficou brava, muito brava e me levou em outra profissional que cuidava
de canários, ela me receitou um remédio, mas não adiantou e acabei morrendo. Aí
então começou todo o drama que veio a se desenrolar. E que drama!!
Liz ficou muito triste e não deixou que meu
pequeno corpo fosse jogado no lixo. O que fazer então? Ela achou a solução.
Deveria me enterrar em Itaperuna, na casa da sua avó, mas estávamos em Volta
Redonda, muito longe de Itaperuna! Como fazer? Mais uma vez ela achou a
resposta. Colocar meu corpo no freezer e levar quando fosse lá a passeio. Foi
uma revolta! Sua mãe e seu pai não deixaram. “Imagina! Colocar esse rato no
freezer! Você está maluca!” Como solucionar o problemão que minha morte causou?
Só tinha uma saída. Arranjar um lugar para me enterrar, mas ela morava em um
apartamento! Aí decidiram o que fazer! Perto do prédio, mais especificamente
perto da estrada, havia um lugar que poderia servir. Era um espaço de terra,
onde era gramado e que seria o lugar ideal. E lá foi o pai, a mãe e minha dona
para esse lugar tarde da noite para cavar para mim uma cova. Foi uma cena
peculiar, acho que posso chamar de uma cena bizarra! Com uma picareta começaram
o trabalho, passavam carros e olhavam, passou uma viatura policial e quase
parou. Acho que seria meio difícil, constrangedor explicar o que estavam
fazendo ali à meia noite cavando um buraco! Será que iam acreditar que aquelas
pessoas estavam ali para me dar uma sepultura digna?
O fato é que a proeza ficou na história da
família e talvez hoje não exista mais nada de mim, mas fiquei muito feliz que
tenham se preocupado comigo e que tenham enfrentado tantas adversidades para
que eu descansasse em paz.
Muito obrigado Liz, pelo seu empenho em me
defender até o último momento em que estivemos juntos! Meu pequeno coração
ficou eternamente feliz e agradecido por tudo que você me proporcionou!
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